Terça, 05 de Agosto de 2025

Análise de Bruno Paes Manso sobre Origem e Futuro das Milícias no Brasil

Entrevista Reveladora sobre a Evolução e Impacto das Milícias na Sociedade Brasileira

05/08/2025 às 12:14
Por: Redação

O crime organizado e os desdobramentos da milícia brasileira são os temas do próximo programa DR Com Demori, que recebe o escritor Bruno Paes Manso. O especialista explica como a máfia se constitui no país, principalmente em sua relação com o tráfico de drogas e a política. Ele também comenta sobre o sistema penitenciário e as consequências desse modelo para a sociedade.

Autor de livros referência no universo da segurança pública, Bruno Paes Manso evidencia que as milícias são fruto da união entre a polícia e a contravenção. “Elas se tornaram uma forma de autodefesa dos territórios para evitar que os traficantes avançassem sobre a zona oeste do Rio de Janeiro, por exemplo. Também passaram a ganhar dinheiro a partir desses locais e, com apoio, conseguem eleger nomes para a política”, explica.

Na entrevista, o escritor defende que há uma espécie de harmonia entre a milícia e o jogo do bicho. “O crime muda rápido, mas as conexões estão mais próximas, porque eles perceberam que a diplomacia gera muito mais dinheiro do que o conflito. Isso é algo recente, há 15 anos, não existia”, pontua.

O entrevistado relembrou como a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) se estruturou com uma mensagem forte para conquistar apoiadores. “Surgiu nas prisões com um discurso de classe: o crime fortalece o crime; nosso inimigo é a polícia. Ao longo dos anos, o modelo se aperfeiçoou e criou uma visão empreendedora para o crime”, resume.

Com um olhar crítico, o pesquisador também analisa o papel do sistema penitenciário brasileiro. “Os limites fiscais dos governos sempre impuseram o envio do mínimo possível às prisões. Isso induz a autogestão e fortalece os chefes das facções, que acabam controlando esses ambientes sem ordem interna”, afirma. E ele acrescenta que “as prisões acabaram virando escritórios do crime, como uma espécie de faculdade”.

Nesse contexto, Paes Manso defende a necessidade de debater a guerra às drogas em busca de uma forma de redução de danos. Por fim, o escritor também explica que as transformações tecnológicas alteraram as dinâmicas do crime organizado. “Hoje, você lava bilhões de reais com um clique no computador, nas redes sociais, casas de apostas. É um novo mundo surgindo”,pontua.